![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZn1Q9fcaOxGwM-Y2vs-R_QyMKo_8WFsJh5v09LEPB9c3ktL0vMpvgx_dFNtYU2A14kj7-4HPP-u2NYMRs4GIyYgzlWB6iBbM_ZTke0hyELSIJMODYRTsMXIcfH2Y8AUYWEAgeZzUZ-k0/s320/futebol.jpg)
Aqui vai o hino do Corínthians para quem quizer escutar:
Gente eu devia falar como é que eu sou Corinthiano e tudo. Eu sempre me considerei Corinthiano e gosto quando o time ganha. Eu fiquei triste com a história da segunda divisão. Para mim o Corínthians é uma instituição nacional, é mais que um time. Para alguns é uma religião. Para outros a própria vida. Para mim é parte da minha vida que não tenho como dizer que não é apesar de ser um zero à esquerda no tema de futebol.
Eu sempre estive rodeado de Corinthiano. Pela influência toda eu deveria ser Corinthiano roxo mas eu sou meio daltônico então nem isso eu jamais conseguiria ser. Aqui vai minha confissão:
Minha inaptidão para futebol sempre me fez sentir metade e acho que eu era considerado incompleto por amigos e parentes neste sentido. Pelo menos que eu era considerado inferior pelos meninos que sabiam jogar bola e eu não, eu não tenho dúvida.
Que tipo de menino não entende de futebol? No Brasil você tem que saber jogar futebol e tem que saber falar de futebol. Eu nunca decorei nomes de jogadores nem as regras do jogo. Uma pena mesmo, mas eu achava que ler sobre Júlio César era mais interessante, que desenhar até o desenho parecer realidade era mais emocionante. E eu não sei se acabei gostando mais de arte e literatura porque não gostava de futebol ou se era porque eu não queria parecer ridículo. Quando a gente não consegue fazer direito a gente tem a tendência de evitar e parte para outra. Confesso que em se tratando do esporte nacional eu fracassei.
Eu me lembro claramente dos comentários que faziam quando eu corría ou andava. Por alguma razão as pessoas riam. Minha mãe, meus primos, minhas irmãs, meu irmão, meus amigos da rua ou da escola, todos pelo menos uma vez me criticaram ou riram de como eu andava ou corria. Era só eu correr que diziam que eu corria errado. Jogando bola eles diziam que eu chutava errado. Nunca me disseram como era o certo. Então eu ficava na minha e eles na deles. Sempre tive e ainda tenho trauma de correr porque penso que estão olhando e pensando, já que agora não vão dizer, que estou correndo errado.
Na escola os professores de educação física vagabundos que eu tinha, em vez de dar exercícios deixavam os alunos jogar futebol. Quem estiver lendo isso no Brasil pode ir na escola e ver se algo mudou nos últimos 30 e tantos anos. A gente fazia um pouco de exercício e depois era futebol para minha tortura... mais “está correndo errado” e mais “chuta a bola meio de lado” coisas abstratas e irritantes. Era uma tortura quando o professor escolhia um capitão para cada time e eles tiravam par ou ímpar para escolher quem ia participar do time. Eu sabia que quando um amigo me escolhia era só porque era amigo. Na hora do jogo eu evitava a bola o mais que podia. Se passava por perto eu passava para outro imediatamente e ainda assim tinha que me concentrar muito.
No dia que me mandaram
“pegar a bola” (isso já foi no ginásio e eu não podia ter dado um fora maior) eu abaixei e
peguei a bola com a mão!!! Foi um desastre! Estavam todos com raiva e daquele dia em diante o professor vagabundo me colocava só para assistir. Tanto melhor! As poucas vezes que a gente corria eu até que fazia algo. Um dia até me destaquei no salto a distância, mas ginástica era para rico que ia treinar para olimpíada, não era para os estudantes do Colégio Estadual Osvaldo Catalano.
Ainda bem que aquela tortura acabou e não tive que participar mais de nenhum jogo forçado. Eu nunca iria aprender a andar, correr ou chutar bola... para que aprender as regras do tal jogo? Se o tempo voltasse eu não acho que faria diferente. Ninguém realmente parou para com sinceridade me ensinar: meu irmão não ensinou, meus primos não ensinaram, nenhum tio, nenhum amigo. Talvez eles soubessem que futebol não se ensina e por isso não perderam seu tempo. Eu acho que vem no sangue e o meu devia ser talhado para futebol. Também eu acho mesmo que o problema era andar e correr mesmo e ninguém ia mudar minhas pernas então acho que todos simplesmente deixavam para lá. Eu era um caso perdido neste sentido. Mas eu não cresci com raiva deles por isso. O problema era meu, não era deles. Feliz de quem nasce andando direito e pode jogar bola no Brasil.
Talvez se meu pai tivesse ficado na história teria me ensinado. Na minha cabeça crescendo sem ele, eu sempre achei que ele não jogava futebol. Não foi até 2003 quando entrevistando o tio Jinho ele me disse que meu pai jogava futebol. Demorou 45 anos para eu saber isto sobre o meu pai! Pelo menos na minha mente o meu pai não jogava futebol! Se ele estivesse em casa enquanto eu crescia eu o imagino alguém que estaria lendo. Se ele estivesse na barbearia ele falaria de política e mulher e ficaria calado na hora do futebol. Mas eu o imaginava também como alguém que não falava então ele também não ia me ensinar mesmo se não nos tivesse deixado.
Meu destino era mesmo sair do Brasil no fim das contas e ir para um lugar onde nem no barbeiro se fala de futebol: Estados Unidos – onde eu fui parar. De tanto cortar o cabelo americano um dia eu ia acabar cortando o cabelo americano todos os dias e não falar de futebol nunca.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm8KsAGJpLbrsNotXEOVqMFqLR079JswcE66OGME3QwWpVOvfHtK7DMc4I0BxY2rHQ6d8vHFyDn6sPsNCkbHILaKZnuP5XC0iSLeFb3hsyqVQsgtSZdJSsakIYT109xKM53UUFM-g1Hto/s320/corinthians.jpg)
Quando eu vou ao Brasil é disso que falo com a minha irmã Joceli, Corinthiana roxíssima! Até saiu num noticiário chorando lá no estádio porque um dia o Corínthians perdeu. Foi até no aniversário dela, tadinha, mas como toda boa corinthiana ela sobreviveu. Um dos momentos mais emocionantes foi quando descobri que um dos irmãos do meu avô estava vivo, o tio Jamil Feres que até havia sido diretor lá no Corínthias por muitos anos na década de 40. Mais recentemente conheci um primo que era Vice Presidente Administrativo do Corinthians -- o Antorio Jorge Rachid Jr. -- que me deu umas lembranças do Corínthians em 2007, me mostrou as relíquias do clube e tudo. Não jogo futebol, não entendo o esporte, mas tenho gente bem chegada ao tema. Salve o Corínthians!!! (No bom sentido, claro!)
Aqui vai o hino do Corínthians para quem quizer escutar:
Hino to Timão!!!!